Sensembow

Jovem grupo dedicado a Música Brasileira de Câmara (envolvendo também eletroacústica/multimeios) que se materializa em diversas formações instrumentais. Tem como principal objetivo estimular jovens músicos a criar e interpretar obras contemporâneas, além de desenvolver pesquisa sobre os aspectos poéticos de compositores brasileiros.

Soltando as Amarras

Sensembow: soltando as amarras

Por Teresinha Prada

No dia 07 de abril de 2010 o público do Instituto de Linguagens pôde conferir uma apresentação do grupo Sensembow, formado por jovens músicos, alunos e ex-alunos do curso de Música do departamento de Artes da UFMT: Grazielle Louzada no sax soprano, Daniel Baier no vibrafone, Nelsindo de Moraes no baixo elétrico e Luciano Campbell na guitarra. Para essa primeira mostra, tivemos duas obras de Roberto Victorio: Canção para Isadora e Três Cantos Silvestres.

A proposta do Sensembow é fazer música contemporânea para essa formação e estão dispostos a cruzar as fronteiras de outras áreas, atuando com dança, artes cênicas e visuais bem como integrar-se ao mundo híbrido da eletroacústica.

A formação timbrística do Sensembow já daria um relato à parte, pois o ouvinte está diante de uma variedade de cores proporcionada pela escolha dos instrumentos, mas é pela escolha do repertório que vemos mais fortemente as referências do grupo.

Estivemos em um ensaio do Sensembow e pudemos constatar a seriedade de sua proposta, estruturada em uma sólida formação do grupo em música contemporânea e que se desdobra em um refinamento do som, da busca pelo fraseado mais límpido, precisão de entradas e vozes e, o mais difícil, a busca de uma coesão, de uma identidade própria que dê uma imagem ao grupo, mas isso, eles sabem, só o tempo trará, e eles estão a caminho, já deram os primeiros passos – soltaram as amarras. No repertório proposto, sabemos o que virá por aí: Pauxy Gentil-Nunes, Ticiano Rocha e composições coletivas, work in progress, revisitado e revigorado pelas idéias novas desses jovens.

Fazer música contemporânea implica saber-se múltiplo, aberto, conhecedor das origens e dos vários procedimentos que fazem parte da Música da qual ela se fez herdeira e discordante... ; e é estar inserido num mundo de gestos muito próprios ao mesmo tempo que conectados com outras bases – o muito que se pode fazer dela (aliás esse é o nome de uma obra – coletiva – de Gilberto Mendes) a torna aberta ao mundo, e não fechada, como pensam. A grande jogada da música contemporânea foi abrir-se cada vez mais para mundos aparentemente paralelos, mas que na verdade são transversais e proporcionam sempre um retorno ao seu centro gravitacional, ora abrindo ora voltando às suas faixas originais, já alteradas pelas expedições a esses outros mundos. Isso tem um preço, obviamente, pois nem todo mundo está preparado para ouvir, para aceitar o diferente sem preconceitos e esse é mais um desafio ao grupo, encontrar-se com o público, sem a falsidade da subestimação, de querer agradar platéias.

O que se espera do Sensembow é que nos atinja pela complexidade de seu repertório e pela perfeita interação de música de câmara a ponto de nos fazer acreditar numa simplicidade. Pelo que já nos apresentaram nessa primeira aparição, temos certeza que vieram para fazer toda a diferença.

 
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